No Fórum Municipal Luiza Todi
Espectáculo de Solidariedade
com o Circulo Cultural
Charlie and the Bluescats
DA BÉLIO -C
Hands on Approach
Francisco Naia
http://pt.netlog.com/go/explore/videos/videoid=pt-1316273
Grupo Teatro Fontenova
Race Stick Face
e Ballerina
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Cantar José Afonso - Espectáculo de Solidariedade
Para denunciar a “crise” no Círculo Cultural de Setúbal
O Grupo de Cidadãos pelo Círculo Cultural de Setúbal vai promover um espectáculo, no próximo dia 10 no Fórum Luísa Todi, para alertar a opinião pública e as entidades oficiais para a necessidade de ajudar aquela colectividade a encontrar uma sede. Um espectáculo que se funde com o 9º Cantar José Afonso, numa iniciativa conjunta para ajudar aquela que é considerada a única colectividade cultural do concelho.
Cedido pela Câmara Municipal de Setúbal, o Fórum Municipal Luísa Todi vai acolher no dia 10 de Dezembro o "9º Cantar José Afonso - Espectáculo de Solidariedade com o Círculo Cultural de Setúbal", uma iniciativa conjunta da direcção do Círculo Cultural de Setúbal e do Grupo de Cidadãos pelo Círculo.
No espectáculo participam alguns dos grupos que, ao longo dos últimos anos, têm sido apoiados pelo Círculo Cultural de Setúbal, entre os quais se contam os Da Bélio-C, Charlie and the Bluescats, Race' Stickface, Ballerina, Hands on Approach e o Fonte Nova Teatro Estúdio, para além da especial participação do cantor Francisco Naia.
De acordo com Luís Vitorino, do Grupo de Cidadãos pelo Círculo, para além de pretender dar continuidade à tradição do Cantar José Afonso - promovida pelo Círculo Cultural desde 1988 - o espectáculo tem ainda por objectivo chamar a atenção da sociedade civil para "a grave situação em que o Círculo se encontra", devido à ordem de despejo das instalações que ocupa desde 1975.
Esta iniciativa precede duas acções desencadeadas ao longo do mês de Novembro pelo Grupo de Cidadãos - compostas por um manifesto de sensibilização da opinião pública e um abaixo assinado que será entregue junto da autarquia - com o intuito de "não deixar morrer a colectividade" fundada em 1969 por grandes nomes da cultura como Zeca Afonso.
Convicto de que Setúbal sofrerá "um grande golpe se a colectividade desaparecer", este representante do Grupo de Cidadãos reivindica a ajuda das entidades oficiais, nomeadamente da Câmara Municipal de Setúbal, no sentido de se encontrar uma solução rápida para o problema.
“Setúbal na Rede” - 07-12-1998 22:40----------------------------------- FINAL de UM
CANTAR JOSÉ AFONSO
Espectáculos organizados pelo
Circulo Cultural de Setúbal
OBRIGADO TOZÉ (empresa som do Barreiro)
que fizeste todos estes espectáculos à borla
cartazes :
Francisco Franco e Fernando M. Pereira
A SEDE DO CIRCULO CULTURAL SETÚBAL
Foto de Albano Almeida
José Afonso
no
Circulo Cultural Setúbal
NOTÍCIAS DO " CANTAR
JOSÉ AFONSO "
Depoimento de DIMAS PEREIRA :
... Dimas Soares, um grande amigo do cantor, revela que conheceu o Zeca Afonso por volta de 1967, numa altura em que o artista tinha regressado de Moçambique, depois de uma visita aos pais.
O encontro aconteceu num serão musical que se realizou no Clube de Campismo de Setúbal, onde o Zeca estava a tocar e a cantar para várias pessoas. Nessa ocasião, recorda, Zeca Afonso «dava aulas de História» no Liceu de Setúbal. A sua expulsão do ensino, protagonizado pelo antigo regime, lançou o cantor para o desemprego, o que o obrigou a viver apenas da música.
... Dimas Soares, que acrescenta que «muitos dos concertos» que o cantor dava, eram de «borla», porque ele, acima de tudo, pretendia passar uma mensagem de «humanismo, liberdade e fraternidade» às pessoas.
De acordo com o responsável, Zeca Afonso, depois de ter falecido, ainda foi «perseguido», isto porque a maioria das rádios «evitavam passar» as suas músicas.....
Depoimento de VICTOR SERRA :
... Já Victor Serra, outro amigo pessoal do cantor e ex-presidente do Círculo Cultural de Setúbal, realça que a única iniciativa que se fez na cidade, durante 9 anos, em homenagem à figura foi o “Cantar José Afonso”. «De resto, o Zeca, uma figura ímpar da cultura portuguesa, sempre foi muito esquecido em Setúbal», frisa o responsável. Na sua óptica, Zeca Afonso «não era sectário», porque dava-se «bem com toda a gente».
E lamenta que algumas entidades da terra se «aproveitem politicamente» dele para «tirar dividendos partidários».
Victor Serra refere que o Zeca Afonso foi um «lutador contra o sistema da ditadura» e que «não deve ser apenas relembrado quando faz anos de morto»....
CARTA de OTELO ao CANTAR JOSÉ AFONSO
PUBLICADO NO "SETÚBAL NA REDE "
Opiniãopor Pedro Conceição(Jornalista, locutor da RDP-África)
Círculo Cultural de Setúbal:
Desabafo sobre o fim anunciado
Comecei na comunicação social há nove anos em Setúbal. Naquela altura, e não foi há tanto tempo como isso, as hipóteses de escolha eram muito reduzidas para quem queria sair para beber um copo, conversar, ou simplesmente estar com os amigos. Não foi difícil escolher o Círculo Cultural como ponto de encontro obrigatório.
Mesmo profissionalmente, quando ainda éramos um grupo, as nossas "after-hours" tinham poiso certo. Todos passávamos horas e horas a beber, conversar e...estar, pura e simplesmente. Eu adorava aquele ambiente: meio soturno, à média-luz, pseudo-intelectual, ar de tasca, sem esquecer o aperitivo a acompanhar a imperial. Tudo isto sem esquecer as mais variadas "tribos" que frequentavam o Círculo: yuppies, betos, vanguardas, punks, rastas. Todos se misturavam pelo prazer único de, à mesa ou ao balcão, partilharem uma boa cavaqueira. Lembro-me que nessa altura era quase uma honra partilhar o mesmo espaço que algumas figuras de Setúbal, desde poetas, simples pensadores ou músicos, que frequentavam o CCS como um local de culto, uma segunda casa, e sempre bem recebidos pelo Sr.Dimas!
Nas maiores virtudes do Círculo está o apoio dado à criação musical, cedendo incondicionalmente as suas instalações para sala de ensaios. Quem não se lembra de bandas rock como os Lúcifer Fere, por exemplo? A maior parte dos grupos, não tendo o apoio das entidades oficiais, tinha no Círculo Cultural de Setúbal a única possibilidade logística para levar por diante os seus talentos. Não é preciso lembrar aqui o êxito e o respeito que esta banda granjeou no público e na crítica da altura. Sem o apoio do CCS não seria possível.
Que explicação dar para essa espécie de mística que foi criada ao longo do tempo? Não existe, tal como não existe um motivo cabal para o seu desaparecimento. Numa altura em que a cidade praticamente não possui estruturas que estimulem a criatividade de quem quer dar largas à sua imaginação, será possível deixar desaparecer um dos locais que mais se destaca nesse sentido? Não é possível. Se vivêssemos nos anos 60, ou no auge "beatnick" o Círculo seria a catedral. Mas em Setúbal, três décadas depois, prefere-se implementar uma cultura "24 de Julho" , em detrimento do apoio à criação artística. Esta cidade, há já muito tempo que não aparece no mapa. É por isso que é preciso mudar mentalidades.
É por isso, e à distância de nove anos, que não posso deixar de sentir alguma nostalgia pelo local e pelas recordações que me deixou na memória. Também sinto revolta, mas porque o querem fazer desaparecer. Se o Círculo morrer, parte da história cultural de Setúbal morre também.
Pedro Conceição - 23-11-1998 11:58 OBRIGADO ZECA